Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisaram as condições de trabalho de 235 ceramistas de nove indústrias de cerâmicas localizadas no município de Pedreira em São Paulo, também conhecido como "a capital da porcelana" no Brasil. A pesquisa apontou uma prevalência 38,5% de dor física durante a prática de suas atividades e que mais da metade dos trabalhadores (52,5%) sofre há mais de um ano. Para a pesquisa, os ceramistas responderam um questionário abordava aspectos organizacionais, biomecânicos, psicossociais e individuais do trabalho. Os dados mostraram que o tempo médio de trabalho em indústrias de cerâmica é de quase 17 anos e que as atividades são essencialmente manuais e realizado com base em linhas de produção. Além disso, 47,5% dos trabalhadores consideraram o ritmo das atividades muito rápido e 90%, repetitivo. “A divisão do trabalho era baseada em diferentes tarefas separadas por aqueles que planejam e aqueles que executam, levando em consideração o tipo de atividade efetuadas por homens e mulheres”, explicam os pesquisadores. Homens eram alocados em atividades mais ‘pesadas’, como a moldagem do material; As mulheres, em setores considerados ‘leves’ ou mais ‘delicados’, como a decoração das peças. No que se refere a fatores biomecânicos, 84% dos entrevistados relataram que realizam suas tarefas em pé durante toda a jornada de trabalho diária e que as atividades não permitem mudanças em suas posturas. A pesquisa ainda revelou que os ceramistas trabalham em média 8 horas e 48 minutos por dia, sem descansos, e 52% deles estendem o tempo de trabalho diariamente por uma ou duas horas. Os pesquisadores ainda indicam que as condições do ambiente de trabalho não auxiliam melhorias na saúde dos trabalhadores. “O chão era irregular e descoberto, o que propicia o acumulo de poeira e eleva o risco de acidentes”, comentam no artigo. Quanto às atividades que mais originaram reclamações, 52,5% dos trabalhadores declararam que a de acabamento das peças é a mais dolorosa, seguida por moldagem manual (39,5%), empacotamento (25%) e pintura (23,5%). Com relação às regiões do corpo em que mais sentiram dores, 35% os ceramistas disseram que era nas pernas, 33% nas costas, 9% no pescoço, 3,5% no cotovelo e 1,5% na região torácica. No que diz respeito a frequência de episódios de dores, 48% dos ceramistas admitiram senti-las todos os dias, 20% toda semana, mas não todo dia, e 32% raramente. Dentre os que relataram os sintomas, 41% precisaram de medicação para o alívio da dor e 49% procuraram ajuda médica. “É possível que um número alto de trabalhadores conviva com a dor criando entre eles um ‘efeito de sobrevivência’, o que faz com que eles subestimem os fatores de risco existentes”, alertam os pesquisadores. “As pessoas trabalham com a dor. O auxílio médico é adiado até quando o limite individual é atingido. A medicação torna-se a única alternativa encontrada para os ceramistas continuarem com suas responsabilidades”. Fonte: Agência Fiocruz de Notícias |
Publicado em: 21/05/2010 |
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Estudo aponta que ceramistas costumam sentir dores em suas atividades
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