segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Capsulite adesiva do Ombro - Síndrome do ombro congelado

INTRODUÇÃO

A capsulite adesiva, também conhecida como ombro congelado foi descrita pela primeira vez por Duplay em 1872 e nomeada de "ombro congelado" por Codman, em 1934, sendo definida como uma condição idiopática do ombro, caracterizada pelo início espontâneo de dor, e evoluindo com restrição dos movimentos da articulação gleno-umeral. Em outras palavras: Trata-se de um quadro de dor dor e limitação da ADM de ombro tanto ativa quanto passiva. A descrição anatomo-patológica foi realizada por Neviaser em 1945, sendo observada inflamação do revestimento sinovial e da cápsula articular, levando à fibrose intra-articular global.

A capsulite adesiva pode ser dividida em 2 tipos, as quais possuem apresentação clínica similar, diferindo apenas na etiologia:

(1) Capsulite adesiva primária, a qual se refere à forma idiopática de ombro rígido e doloroso.
(2) Capsulite adesiva secundária, a qual refere-se à perda de movimento articular resultante de algum evento desencadeante bem definido, tal como trauma, AVC, lesões do manguito rotador, fratura do membro superior, distrofia simpático-reflexa e imobilização pós cirúrgica.
A história Natural desta patologia é dividida em 3 fases as quais nem sempre são bem delimitadas uma da outra:

Fase congelante e dolorosa (10-36 semanas)
- Existe um aumento gradual da dor no ombro ao repouso, com a presença de dor aguda nos extremos de movimento.

Fase adesiva (4-12 meses)
- A dor começa a ceder, porém inicia-se uma progressiva perda de flexão da gleno-umeral, abdução e rotação interna e externa.

Fase de resolução (12-42 meses)
- É caracterizada por uma melhora progressiva na ADM funcional do ombro.

Apesar das evidências de ser uma patologia auto-limitada com resolução espontânea (isto é, se você considerar espontânea a recupaeração após 4 anos de início do quadro), o tratamento fisioterápico é extremamente necessário para minimizar a dor e as limitações funcionais.

Achados na Avaliação Física


Indivíduos com capsulite adesiva frequentemente queixam-se de dor difusa no ombro, com um ponto sensível à palpação adjacente à inserção do deltóide e ocasionalmente dor irradiada para o cotovelo e, algumas vezes, irradiada para a face lateral de antebraço. A dor geralmente piora com os movimentos de ombro e melhora com o repouso. Ocasionalmente a dor é pior à noite podendo despertar o paciente.
As limitações funcionais incluem dificuldades em atividades que exijam elevação do braço acima da linha dos olhos, como por exemplo alcançar um objeto em uma prateleira ou colocar roupa no varal. Vestir-se também é um problema, particularmente peças de roupa que necessitem que os braços sejam movidos em direção às costas, como por exemplo um casaco ou sutiã.
O exame físico evidencia frequentemente limitação multidirecional dos movimentos ativos e passivos da gleno-umeral. Cyriax descreve que nestes casos as restrições obedecem ao padrão capsular da articulação do ombro - Rotação externa sendo o componente mais restrito, seguido de abdução e a rotação medial sendo o componente menos restrito dos três. Existe na internet um roteiro básico de Avaliação do Ombro que acho útil ser lido.

Tratamento


O objetivo do tratamento é aliviar a dor, recuperar a ADM e minimizar as limitações funcionais. Entre as medidas de tratamento conservador (entenda conservador como não cirúrgico) podemos citar a fisioterapia, uso de anti-inflamatórios e injeções intra-articulares. manipulação sob anestesia, liberação artroscópica e cirurgia aberta são as opções mais agressivas.

Exercícios para ganho e manutenção de ADM

Exercícios para a ADM possuem dois papéis básicos no processo de reabilitação destes pacientes:

(1) Ganho, ou (na pior das hipóteses) manutenção da ADM da articulação.
(2) Minimizam a perda de massa e força muscular no braço afetado.

A importância dos exercícios não deve ser superestimada pelo terapeuta e nem pelo paciente. Eles devem ser orientados e realizados pelo paciente várias vezes ao longo do dia. Explicando: Não se deve esperar um tratamento bem sucedido se os pacientes só realizam os exercícios na sessão de fisioterapia.

Calor


A aplicação de calor no ombro, seja ele por qualquer meio, pode ajudar a manter a mobilidade da articulação e gerar alívio da dor. Sendo bastante útil imediatamente antes da realização dos exercícios terapêuticos.
Na verdade, as abordagens de fisioterapia para o ombro congelado são abundantes na internet.
Segue abaixo alguns links que podem ser úteis.

Tem também uma publicação sobre a base teórica que justifica o uso do conceito Maitland na capsulite adesiva.
Na Revista brasileira de ortopedia um artigo de 1993 sobre o Tratamento multidisciplinar da capsulite adesiva. Embora seja um trabalho antigo, a discussão sobre o papel do médico orotpedista, do clínico de dor e do fisioterapeuta são bastante elucidativos.
Na base PEDro de fisioterapia baseada em evidência, uma revisão sistemática sobre capsulite adesiva revelou que a eficácia é incerta devido à falta de rigor metodológico dos estudos avaliados. Quem quiser pode baixar Physical Therapy for Adhesive capsulitis.pdf
Tem também um trabalho que investigou os efeitos do Ultra-Som na capsulite adesiva e concluiu que o US não oferece benefício adicional ao tratamento: Effectiveness of therapeutic ultrasound in adhesive capsulitis.pdf

E outros 2 interessantes

Retirado do Excelente Blog http://fisioterapiahumberto.blogspot.com/

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