A fisioterapia é amplamente reconhecida como o aspecto mais importante do tratamento da espondilite anquilosante. Vários estudos já demonstraram que a terapia fisioterápica, em pacientes portadores de espondilite anquilosante, associa-se a melhor controle dos sintomas, a longo prazo, empregando apenas exercícios. Além disso, outros trabalhos mostraram o benefício significativo, também a curto prazo, de um amplo programa de fisioterapia domiciliar associado a medidas educativas. O programa de fisioterapia realizada em ambiente hospitalar também provou ser benéfico.
A reabilitação física desses pacientes deve ser dirigida aos aparelhos locomotor e respiratório. De grande importância é o tratamento fisioterápico do aparelho locomotor, que visa fundamentalmente a redução da dor e da rigidez articulares através de medidas como a eletroanalgesia e a termoterapia, além da importante prevenção de deformidades incapacitantes, por meio da cinesioterapia. A cinesioterapia do esqueleto axial (coluna vertebral) deve, por um lado, alongar os músculos torácicos e abdominais e, por outro lado, reforçar os músculos paravertebrais (que se localizam ao lado da coluna vertebral). Além disso, tem também o objetivo de manter ou recuperar a amplitude de movimentos da coluna vertebral, inclusive da coluna cervical quando envolvida, além dos quadris e ombros quando acometidos.
Para a reabilitação do aparelho respiratório empregam-se os exercícios respiratórios, que visam a conservação ou aumento da expansibilidade torácica. Os pacientes não devem fumar, visando prevenir a instalação de insuficiência respiratória obstrutiva com conseqüente diminuição da expansibilidade torácica.
A eletroestimulação com propriedades analgésicas tem sido utilizada há vários anos, no tratamento dos distúrbios da coluna vertebral. Existem várias modalidades da utilização da eletroterapia, como coadjuvante no tratamento das lesões da coluna, incluindo a espondilite anquilosante.
Uma forma de estimulação elétrica é aquela que produz calor, por meio de um processo de conversão da corrente elétrica, quando a energia entra em contato com os tecidos do organismo. Os principais exemplos são a diatermia por meio de ondas curtas e o ultra-som. Esses agentes têm a capacidade de penetrar profundamente nos tecidos (de 3 a 5 cm) promovendo aumento de sua temperatura e do metabolismo celular, melhorando o fluxo sangüíneo local, a propriedade elástica dos tecidos e aumentando o limiar para a dor. Dessa forma permite a realização de exercícios em um programa de reabilitação.
Outro conjunto de modalidades eletroanalgésicas, diz respeito à neuro-eletroestimulação transcutânea ou TENS (transcutaneous eletrical nerve stimulation), baseada na teoria da "comporta de dor", que sugere que a corrente elétrica é capaz de interferir nos mecanismos de transmissão dos sinais de dor, ao longo do sistema nervoso central, criando barreiras para a transmissão do impulso doloroso até o cérebro (ou seja, o cérebro acaba não recebendo os estímulos dolorosos e o paciente não sente dor). O TENS pode agir estimulando a liberação de endorfinas, substâncias endógenas, capazes de reduzir a dor. O uso desse tipo de eletroestimulação tem permitido a redução da utilização de medicamentos. Apesar do TENS promover redução temporária da dor, ele é um coadjuvante útil no tratamento das disfunções da coluna vertebral, facilitando a realização dos exercícios durante os programas de reabilitação.
Todos estes recursos da eletroterapia devem ser utilizados como coadjuvantes em um tratamento integrado, sendo aplicado por profissionais capacitados.
A cinesioterapia é o uso do movimento ou exercício como forma de tratamento. O recurso se autodenomina: "cinesio", e significa movimento. A cinesioterapia é uma técnica que se baseia nos conhecimentos de anatomia, fisiologia e biomecânica, a fim de proporcionar ao paciente um melhor e mais eficaz trabalho de prevenção, cura e reabilitação.
O exercício terapêutico tem como objetivo manter, corrigir e/ou recuperar uma determinada função, ou seja, restaurar a função normal de corpo ou manter o bem estar. Sua principal finalidade é a manutenção ou desenvolvimento do movimento livre para a sua função, e seus efeitos baseiam-se no desenvolvimento, melhora, restauração e manutenção da força, da resistência à fadiga, da mobilidade e flexibilidade, do relaxamento e da coordenação motora.
A fisioterapia busca alcançar, através de metodologias e técnicas próprias, baseadas na utilização terapêutica dos movimentos e dos fenômenos físicos, uma melhor qualidade de vida para o paciente, frente às disfunções que esse apresente. As metodologias e as técnicas da cinesioterapia são práticas próprias e exclusivas do profissional fisioterapeuta, sendo sua indicação e sua utilização prática terapêutica própria, privativa e exclusiva desse profissional.
Como a espondilite anquilosante, quando não tratada, causa flexão contínua ou fixa da coluna (o paciente se torna cada vez mais imóvel), deve-se permanecer o mais ereto possível. É pouco provável que a coluna se enrijeça totalmente, mas caso isso aconteça, o paciente deve fazer o possível para que a mesma permaneça o mais reta possível.
Muitas pessoas acreditam que o uso de cadeiras altas, com assento firme e encosto reto, são melhores para a postura da coluna. O assento da cadeira não deve ser muito longo, entre o encosto e a ponta, pois a pessoa terá dificuldades em posicionar a coluna lombar na base do fundo da cadeira. O paciente não deve permanecer muito tempo sentado em cadeiras baixas e macias, pois isso resulta em má postura e dor excessiva.
O colchão deve ser firme e sem depressões. Se estiver deformado, o paciente pode utilizar uma tábua adequada entre o colchão e o estrado da cama (como uma folha de compensado). É mais confortável deitar-se dessa forma do que em uma cama muito flexível. Após a resolução da fase ativa da doença, recomenda-se manter a cama rígida, evitando qualquer tendência de curvatura da coluna. Se o paciente estiver viajando ou em um hotel, pode colocar o colchão no chão e dormir sobre ele.
Os coletes e as cintas, utilizados com o objetivo de melhorar a postura, não apresentam nenhum valor no tratamento da espondilite anquilosante, podendo até mesmo piorar os sintomas. É melhor desenvolver a musculatura e permanecer em postura ereta por meios naturais e com a prática de fisioterapia. Ocasionalmente, algum tipo de cinta pode ser necessária, por exemplo, após uma lesão nas costas. Porém, essa decisão deve ser tomada por um Fisioterapeuta experiente no tratamento da doença.
Fonte: Bibliomed
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