segunda-feira, 12 de setembro de 2011
7 SINAIS DE ALERTA NA DOR LOMBAR
terça-feira, 12 de julho de 2011
Artose nos Joelhos: Frio ou Calor?
Artrose do Joelho, frio ou calor ?
A osteoartrose (OA) é uma das doenças mais comuns do sistema esquelético, e pode ser definida como uma condição degenerativa que afeta as articulações, mas não afeta o organismo internamente e não conduz a mortalidade. A OA do joelho é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo, que provoca a destruição da cartilagem articular e leva a uma deformidade da articulação.
A dor, geralmente, é o primeiro fator incapacitante da OA, levando posteriormente a alterações articulares, periarticulares e disfunção progressiva da articulação. O calor e o frio podem combater a dor, ambos são chamados de crioterapia, o calor superficial e/ou profundo e o gelo. Embora a OA esteja relacionada com fatores mecânicos de sobrecarga articular levando à lesão cartilaginosa a atividade física regular e dosada, pode melhorar algumas das alterações secundárias relacionadas com esta doença. O tratamento da OA deve ser continuado, baseando-se em terapia medicamentosa, física ou fisioterapia.
A literatura demonstra interesse nas comprovações científicas das propostas de medicina física, até o momento muitas vezes baseado na observação e empirismo. As revisões tentam demonstrar o efeito benéfico de certas técnicas, porém várias comprovações são necessárias sobre a real utilidade de cada método ou aparelho seja proposto. Adriana Lucia Pastore Silva e colaboradores, fisioterapeutas da Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo, fizeram uma comparação de protocolos de tratamento fisioterapêutico, que envolveram o uso de cinesioterapia (exercícios), crioterapia e ondas curtas, em indivíduos com osteoartrose de joelho. Foram 25 indivíduos (25 joelhos), de 58 a 78 anos. No GRUPO A: foi feito cinesioterapia e ondas curtas (n=9); GRUPO B: foi feito cinesioterapia e gelo (n=6); GRUPO C: foi feito cinesioterapia (grupo controle) (n=9);
As variáveis analisadas foram: percepção subjetiva de dor, qualidade funcional, amplitude de movimento, flexibilidade e força muscular. A dor melhorou significativamente somente no grupo B, com qualidade funcional e flexibilidade positiva em todos grupos. O ganho de amplitude foi semelhante nos grupos B e C. Houve manutenção da força flexora nos grupos A e B, e ganho nos indivíduos do grupo C. Na musculatura extensora observou-se ganho de força no grupo B e C e perda no grupo A.
O melhor protocolo foi aquele que envolveu a aplicação de gelo e cinesioterapia para analgesia; não houve relação de ganho de amplitude, flexibilidade e força associado.
Fonte :: Acta ortop. bras.15 (4 ) out-dez 2007
terça-feira, 1 de março de 2011
Efeito placebo pode funcionar mesmo quando informado ao paciente
Paulo Gustavo Barboni Dantas Nascimento
O tratamento com placebo pode influenciar significativamente os sintomas subjetivos. Acredita-se que a resposta ao placebo requer ocultação ou dissimulação. Um grupo internacional de cientistas verificou que a administração não-enganadora e não-escondida é superior a um controle sem tratamento, combinado com as interações médico-paciente no tratamento da síndrome do intestino irritável (SII).
O estudo utilizou dois grupos aleatórios, realizado em um único centro acadêmico, envolvendo 80 pacientes (sendo 70% do sexo feminino) com síndrome do intestino irritável diagnosticada por critérios específicos. Os pacientes foram destinados para pílulas de placebo declarado, apresentadas como "pílulas de placebo feito de uma substância inerte, como pílulas de açúcar, que foram mostradas em estudos clínicos para produzir uma melhora significativa nos sintomas da SII por meio de processos mente-corpo de auto-cura", ou controles sem tratamento farmacêutico com a mesma qualidade de interação com os médicos e especialistas.
O trabalho demonstrou que os pacientes que receberam placebo declarado, no contexto de uma relação médico-paciente de apoio e uma justificativa convincente, tiveram melhora dos sintomas clinicamente significativos e obtiveram melhora significativa em comparação a um grupo-controle sem tratamento e combinado com a interação médico-paciente. Este é o primeiro estudo comparando placebo declarado para um controle sem tratamento. Estudos anteriores sobre os efeitos do tratamento com placebo declarado ou não incluíram nenhum tratamento-controle [1] ou combinado com tratamento químico ativo [2]. O estudo sugere que declarar abertamente as intervenções inertes, com uma justificativa plausível, pode produzir respostas placebo refletindo a melhoria sintomática, sem engano ou dissimulação.
Os autores indicam também que o estudo tem várias limitações. O tamanho da amostra foi relativamente pequeno e a duração foi demasiada curta para obter estimativas de efeitos em longo prazo. A avaliação poderia ser descrita como uma "prova de princípio" de um estudo piloto. A replicação com um tamanho de amostra maior e um maior seguimento são necessários antes de indicar que decisões clínicas podem ser tomadas com base nesses dados.
Outras possíveis limitações do estudo advêm do viés de relatório (por exemplo, "desejando agradar o experimentador"). No entanto, dada à impossibilidade de avaliação do placebo duplo-cego versus controle aberto sem tratamento farmacêutico, os efeitos do viés de relatório não podem ser eliminados. Outra limitação relacionada é que os pacientes designados para o tratamento não farmacológico podem ter sido desapontados, aumentando as diferenças entre o placebo e o grupo controle sem tratamento, além de outros possíveis vieses.
Referências
Kaptchuk TJ, Friedlander E, Kelley JM, Sanchez MN, Kokkotou E, Singer JP, Kowalczykowski M, Miller FG, Kirsch I, Lembo AJ. Placebos without deception: a randomized controlled trial in irritable bowel syndrome. PLoS One. 2010 22 5(12), 15591;
1. Park LC, Covi L (1965) Nonblind placebo trial. Archives of General Psychiatry 12: 336–345;
2. Sandler AD, Bodfish JW (2008) Open-label use of placebos in the treatment of ADHD: a pilot study. Child Care and Health Development 34: 104–10.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Pneumotoráx - Uma Contra-indicação Absoluta?
Pneumotórax Espontâneo
O pneumotórax é definido como a presença de ar no espaço pleural, tornando real uma cavidade que, em condições normais, é apenas virtual. Esse acúmulo de ar pode levar à compressão do pulmão, causando sintomas respiratórios de gravidade variável. O pneumotórax pode ser classificado em três grandes grupos:
• Pneumotórax Espontâneo (PE): não é causado por traumatismo e nem por outro fator precipitante óbvio. O PE primário acomete indivíduos sem doença pulmonar clinicamente identificável; já o PE secundário ocorre como complicação de alguma doença pulmonar (doença pulmonar obstrutiva crônica, DPOC; fibrose cística; pneumonia por Pneumocystis carinii).
• Pneumotórax Traumático (PT): causado por traumatismo penetrante ou contuso do tórax, podendo o ar atingir a cavidade pleural diretamente através da parede torácica, por perfuração da pleura parietal ou ruptura alveolar.
• Pneumotórax Iatrogênico (PI): representa uma complicação de procedimentos médicos invasivos, com finalidades diagnóstica e terapêutica (punção de acesso venoso central; durante toracocentese e biopsia pleural; barotrauma).
Nesse artigo, abordaremos apenas a abordagem do pneumotórax espontâneo.
Estima-se que, nos EUA, ocorram a cada ano mais de 20.000 novos casos de pneumotórax espontâneo (PE), gerando um custo que ultrapassa 130 milhões de dólares. Nos EUA, a incidência de PE primário (PEP) e secundário (PES) é bastante semelhante, mas quando se analisa a relação homem - mulher, observa-se uma incidência de PEP de 7,4 por 100.000 pessoas-ano para os homens, contra 1,2 por 100.000 pessoas-ano para as mulheres. Com relação ao PES, esses números são de 6,3 e 2,0, respectivamente, sendo o pico de incidência mais tardio (60-65 anos de idade).
As taxas de recorrência relatadas na literatura variam amplamente, de acordo com a duração do acompanhamento e o tratamento realizado, incluindo as intervenções com objetivo preventivo. Sabe-se, no entanto, que nos casos em que essas estratégias profiláticas não são empregadas, a recorrência ocorre normalmente nos primeiros seis meses. Em uma meta-análise que incluiu 11 estudos, observou-se uma taxa de recorrência média de 30%, em indivíduos com PEP não submetidos a medidas profiláticas. Nesse estudo, os fatores de risco para recorrência foram: diagnóstico de fibrose pulmonar; idade igual ou superior a 60 anos; relação altura-peso aumentada.
No contexto do PEP, a mortalidade relatada é bastante baixa, sendo de 0,09% para homens e de 0,06% para mulheres. No entanto, o PES costuma ser mais grave, já que a reserva pulmonar já está comprometida pela doença de base. Foi relatado que, em pacientes com DPOC, a mortalidade relativa é aumentada em 3,5 vezes na ocorrência de um PES.
Pneumotórax Espontâneo Primário
O PEP acomete, comumente, indivíduos do sexo masculino, longilíneos, com idade entre 10 e 30 anos. Raramente ocorre em pessoas com mais de 40 anos de idade. O tabagismo é um importante fator de risco, aumentando o mesmo em aproximadamente 20 vezes.
Na grande maioria desses pacientes, podem ser detectadas bolhas subpleurais. Em estudos com toracoscopia, essas bolhas foram encontradas em 76% a 100% dos pacientes que se apresentaram com PEP. Mesmo os indivíduos que não fumam apresentam bolhas subpleurais, com uma prevalência de aproximadamente 81%. O mecanismo de formação dessas bolhas não é completamente compreendido, mas acredita-se que seja devido à degradação das fibras elásticas, por células inflamatórias atraídas por componentes da fumaça do tabaco. Esse processo inflamatório levaria a uma obstrução de pequenas vias aéreas, com aumento da pressão intra-alveolar e extravasamento de ar para o interstício pulmonar. Esse ar deslocar-se-ia até o hilo pulmonar, causando um pneumomediastino, com aumento da pressão mediastinal e ruptura da pleura parietal. Com isso, ocorre um escape de ar para o interior da cavidade pleural.
Quando o PEP é grande, leva a uma diminuição da capacidade vital pulmonar e um aumento do gradiente alvéolo-arterial de oxigênio. A hipoxemia resulta de uma baixa relação ventilação-perfusão e do shunt que se forma. Hipercapnia não se desenvolve nesses pacientes, já que a função pulmonar basal é normal.
A apresentação clínica do PEP é bastante típica, iniciando-se mais frequentemente durante o repouso. Em quase todos os pacientes obtem-se um relato de dor torácica ipsilateral, do tipo pleurítica e de intensidade variável, e dispnéia. A duração dos sintomas não costuma ultrapassar 24 horas, mesmo se o pneumotórax não for resolvido. O exame físico pode ser normal, quando o pneumotórax é pequeno, embora a taquicardia seja comumente encontrada. Nos casos em que o pneumotórax é grande, há uma redução da expansibilidade torácica, hipertimpanismo à percussão, redução do frêmito tóraco-vocal e abolição dos sons respiratórios. A presença de taquicardia importante, hipotensão e/ou cianose leva à suspeita de pneumotórax hipertensivo.
O diagnóstico baseia-se na história clínica sugestiva, sendo confirmado pela radiografia simples de tórax. A imagem radiológica caracteriza-se pelo afastamento da linha pleural da parede torácica.
Pneumotórax Espontâneo Secundário
O PE secundário (PES) é um evento potencialmente fatal, já que os pacientes apresentam doença pulmonar subjacente e comprometimento da reserva cárdiopulmonar. As principais causas de PES são:
• Doença pulmonar obstrutiva crônica
• Fibrose cística
• Status asmaticus
• Pneumonia por P. carinii e pneumonias necrotizantes
• Sarcoidose
• Fibrose pulmonar idiopática
• Doenças do tecido conjuntivo: artrite reumatóide, espondilite anquilosante, polimiosite/dermatomiosite, síndrome de Marfan e de Ehlers-Danlos
• Cânceres: sarcomas, câncer de pulmão.
• Endometriose torácica
Vale ressaltar que o PES ocorre em aproximadamente 2% a 6% dos pacientes infectados pelo vírus HIV, sendo que em 80% desses casos existe associação com a pneumonia por P. carinii. Nesses pacientes, o PES relaciona-se a alta mortalidade. O pneumotórax relacionado às menstruações acomete mulheres com idade entre 30 e 40 anos, com história prévia de endometriose pélvica. Geralmente ocorre no pulmão direito, até 72 horas após o início do período menstrual. Essa condição é incomum, mas o diagnóstico precoce é importante, permitindo o início da terapia hormonal. Porém, como a taxa de recorrência é de até 50%, mesmo com o uso de hormonioterapia, a pleurodese é comumente recomendada.
A fisiopatologia do PES é semelhante à do PEP. O aumento da pressão intra-alveolar, acima da pressão intersticial, leva à ruptura dos alvéolos, com extravasamento de ar para o interstício. O ar move-se pelo interstício até atingir o hilo pulmonar, levando ao pneumomediastino, com elevação da pressão mediastinal e extravasamento de ar para a cavidade pleural, através da pleura parietal. Nos casos de pneumonia por P. carinii, o mecanismo seria de necrose pulmonar com extravasamento direto do ar para o espaço pleural.
Nos pacientes que se apresentam com PED, a dispnéia está sempre presente, podendo ser bastante grave. A dor torácica pleurítica também é comum. Além disso, complicações ameaçadoras à vida, como hipoxemia e hipotensão, podem também estar presentes. Ao contrário dos pacientes com PEP, os sintomas não se resolvem espontaneamente, e a hipercapnia é a regra, podendo chegar a níveis superiores a 50mmHg. O quadro geralmente é súbito, podendo ser mascarado por sintomas causados pela doença de base. Em pacientes portadores de DPOC, o PES deve sempre ser considerado quando há o indivíduo desenvolve um quadro de dispnéia inexplicada, principalmente se associada a dor torácica pleurítica unilateral. O diagnóstico é feito de maneira semelhante ao PEP, com emprego da radiografia de tórax. Caso permaneça dúvida quanto ao diagnóstico de certeza, pode-se realizar uma tomografia computadorizada de tórax.
O tratamento do PE apresenta dois objetivos: (1) eliminar a coleção aérea intrapleural; e (2) prevenir recorrências. Terapias como oxigênio suplementar, observação, aspiração simples e drenagem sem utilização de agente esclerosante não oferecem proteção contra recorrência. As medidas profiláticas incluem a drenagem torácica com pleurodese, intervenções cirúrgicas (toracotomia, videotoracoscopia). A abordagem do paciente baseia-se em características como: tamanho do pneumotórax; gravidade dos sintomas; presença de vazamento de ar; tipo do PE (PES ou PEP).
Antigamente, o tamanho do pneumotórax era o parâmetro mais importante na definição do tratamento. Atualmente, os consensos têm colocado maior ênfase no quadro clínico do paciente. Os consensos atuais não definem mais o tamanho do pneumotórax de acordo com porcentagem, e sim em medidas absolutas. O guideline do American College of Chest Physicians (ACCP) considera como pneumotórax pequeno aquele que apresenta um colapso inferior a 3cm, e o grande é aquele com colapso igual ou superior a esse valor. Já o consenso da British Thoracic Society (BTS) considera como ponto de corte o valor de 2cm.
O ACCP define como parâmetros de estabilidade clínica a presença de freqüência respiratória inferior a 24 irpm, uma freqüência cardíaca entre 60bpm e 120bpm, pressão arterial normal para o paciente, uma saturação arterial de oxigênio de pelo menos 90% em ar ambiente e a capacidade de expressar frases completas.
Oxigenioterapia Suplementar
Na vigência de um pneumotórax, ocorre redução da pressão arterial parcial de oxigênio, como resultado de alterações na relação ventilação-perfusão, formação de espaço morto e shunts. Com o aumento do volume de ar no espaço pleural, essas alterações evoluem com piora progressiva. Essas alterações fornecem subsídios para o uso de oxigenioterapia nesses pacientes. Além de melhorar a oxigenação arterial, a suplementação com oxigênio ajuda na reabsorção do ar aprisionado na cavidade pleural, pela criação de um gradiente de pressão gasosa entre os capilares e o espaço pleural. Esse gradiente aumenta a reabsorção principalmente do nitrogênio, mas também dos outros gases. O consenso da BTS recomenda a utilização de oxigenioterapia em alto fluxo, tendo-se cuidado nos pacientes com DPOC, os quais apresentam grande tendência à retenção de gás carbônico.
Observação
A conduta expectante é uma das opções terapêuticas, embora não oferece proteção contra recorrência. Essa conduta pode ser recomendada em pacientes selecionados, com PEP, já que a mortalidade associada é muito baixa. Tanto o consenso da ACCP quanto o da BTS recomendam essa conduta em pacientes com PEP pequeno que se apresentam com estabilidade clínica. A recomendação é de que se mantenha o paciente sob observação por um período de 3 a 6 horas, com alta caso a radiografia de controle não demonstre progressão. O paciente deve ser reavaliado dentro de no máximo 2 dias. Nos casos de PES, a observação reserva-se aos pacientes com coleção pequena de ar na cavidade pleural e com estabilidade clínica, de preferência em nível hospitalar.
Aspiração Simples
A drenagem da coleção de ar pode ser realizada de diversas maneiras, sendo uma delas a aspiração simples, geralmente realizada com cateter para uso endovenoso. Os trabalhos mostram uma taxa de sucesso entre 53% e 58%. De uma maneira geral, essa abordagem é mais bem sucedida no PEP (média de 75%) do que no PES (média de 37%).
De acordo com o guideline do ACCP, a aspiração simples está indicada aos pacientes com PEP que apresentaram progressão, durante o período de observação. Em contraste, a BTS recomenda a aspiração simples como a primeira linha de tratamento para todos os casos de PEP que necessitam de intervenção. No entanto, os próprios autores reconhecem as falhas dos estudos que os levaram a fazer essa recomendação, e orientam que, nos locais onde existem profissionais experientes e material disponível para a realização de aspiração com cateteres específicos, os quais podem ser deixados como drenos até que se confirme a re-expansão pulmonar, essa técnica é mais eficaz.
Nos casos de PES, o papel da aspiração simples é inferior, apresentando baixa taxa de sucesso. A BTS recomenda essa terapia somente a pacientes com pneumotórax pequeno, minimamente dispnéicos e com idade inferior a 50 anos.
Drenagem Pleural
O consenso da ACCP recomenda a colocação de dreno de tórax nos pacientes com PEP grande, independentemente da estabilidade clínica. Alguns dos pacientes estáveis e todos os pacientes que se encontram instáveis devem ser hospitalizados. O consenso da BTS permite a realização inicial da aspiração simples, reservando o dreno de tórax aos casos em que a abordagem inicial apresentar falha. Quanto aos pacientes com PES, o ACCP recomenda que os pacientes com pneumotórax pequeno e clinicamente estáveis, quando internados, podem ser observados ou submetidos a drenagem, dependendo da gravidade dos sintomas. Qualquer paciente instável ou com pneumotórax grande deve ser submetido a drenagem de tórax.
Com relação ao tamanho do dreno, os dois consensos recomendam o uso de drenos menores. Para os pacientes com PEP grande, clinicamente estáveis, o ACCP recomenda o uso de dreno entre 14F e 22F, ou menores. Nos casos de pneumotórax grande, em paciente instável, recomenda-se o uso de drenos maiores (24F a 28F), principalmente se existe a suspeita de grande fístula broncopleural. Nos pacientes com PES com risco de grande vazamento ou com necessidade de ventilação mecânica, recomendam-se também drenos maiores.
A remoção do dreno de tórax deve ser realizada após a resolução do vazamento de ar. São pré-requisitos uma radiografia de tórax demonstrando a re-expansão pulmonar e a ausência de evidências clínicas de vazamento de ar para a cavidade pleural. Os estudos não mostram diferenças na taxa de pneumotórax pós-retirada do dreno, quando o mesmo retirado ao final da inspiração ou da expiração. A presença de hemotórax, realização de toracotomia ou toracoscopia, doença pulmonar prévia e a duração da drenagem de tórax não afetam a taxa de recorrência do pneumotórax.
Prevenção da Recorrência
Os consensos da ACCP e da BTS recomendam o emprego de intervenções cirúrgicas para a prevenção de recorrência. O ACCP recomenda a realização de abordagem toracoscópica, como opção na prevenção de recorrência e correção de vazamento aéreo, em pacientes com PEP ou PES. Nos casos de PEP, recomenda-se a abrasão pleural limitada à metade superior do hemitórax afetado e a ressecção das bolhas. Nos pacientes com PES, os procedimentos recomendados são: ressecção cirúrgica das bolhas, acompanhada de pleurectomia parietal ou abrasão pleural parietal limitada à metade superior do hemitórax. O consenso da BTS alerta que a toracotomia com pleurectomia continua sendo o procedimento associado a menor taxa de recorrência, em casos de pneumotórax recorrente. Outras técnicas eficazes são: procedimentos minimamente invasivos; videotoracoscopia; abrasão pleural; pleurodese com talco. Parece existir uma pequena vantagem da pleurectomia, quando comparada à abrasão pleural.
A administração de agentes esclerosantes, através de dreno de tórax, é recomendada com terapia de segunda linha, em pacientes já submetidos a procedimentos cirúrgicos profiláticos. Além disso, está indicada também aos pacientes que recusam ou não toleram a abordagem cirúrgica. Os agentes preferidos são o talco e a doxiciclina.
Excetuando-se os pacientes com vazamento persistente, os quais necessitam de intervenção precoce, a grande maioria dos colaboradores, do consenso da ACCP, recomenda que o procedimento profilático deve ser feito após o segundo episódio de PEP. Quanto ao PES, a recomendação é que o procedimento seja realizado já após o primeiro episódio. O consenso da BTS utiliza os critérios clássicos de indicação de procedimento profilático, que incluem:
• Segundo episódio de pneumotórax ipsilateral
• Primeiro episódio de pneumotórax contra-lateral
• Pneumotórax bilateral
Ambos os consensos recomendam abordagem profilática precoce para os profissionais de risco aumentado para pneumotórax, como pilotos de aeronaves e mergulhadores. Os pacientes que apresentam um PES devem ser aconselhados a evitar viagens aéreas por um período de um ano, caso não seja realizada nenhuma intervenção cirúrgica. Após a ocorrência de PE, a prática de mergulho deve ser desencorajada permanentemente, a não ser que seja realizada pleurectomia.
1. Baumann MH. Management of spontaneous pneumothorax. Clinics in Chest Medicina 2006; 27:269-81.
2. Sahn SA, Heffner JE. Spontaneous pneumothorax. New England Journal of Medicine 2000; 342(12): 868-874.
3. Ferreira ET, Starling SV. Hemotórax e pneumotórax. In: Pires MTB, Starling SV. Erazo Manual de Urgências em Pronto-Socorro, 7ª ed. Medsi: Rio de Janeiro, 2002; cap. 10, págs. 163-171.
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6. Baumann, MH, Strange, C, Heffner, JE, et al. Management of spontaneous pneumothorax: an American College of Chest Physicians Delphi consensus statement. Chest 2001; 119:590.
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